“Brigas na chefia, opressão e medo, condições precárias levaram trabalhadores à greve”, aponta funcionário da limpeza urbana com exclusividade ao Portal

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Trabalhadores querem demissão de chefia para melhoria no ambiente de trabalho e cobram benefícios.

Imagem meramente ilustrativa de anonimato


Na noite desta terça-feira (13), nossa equipe teve acesso a mais um funcionário da Construtora Israel, responsável pela limpeza urbana na cidade e que enfrenta desde cedo, paralisação por parte dos funcionários, mantida para esta quarta (14). Na conversa, há relatos de brigas entre a chefia, falta de diálogo e sobrecarga de trabalho.

Num primeiro momento, o funcionário reafirmou a luta da categoria e explicou que o movimento surgiu “pela indignação coletiva no tratamento e condições precárias de trabalho”, além de reafirmar a pauta de reivindicação e como se formou a greve hoje de manhã.

Foi uma coisa bem espontânea hoje de manhã, até que foi todo mundo chegando, compartilhando as angústias e se deu a paralisação por completo na capina e coleta, com a varrição ocorrendo nas ruas.

Funcionário da Construtora Israel em entrevista ao Portal

Segundo a fonte que preferiu o anonimato por medo de represália, os chefes do administrativo, geral e de varrição, “não se dão bem” e as brigas afetam os demais setores e colaboradores da empresa.

Na frente de todos a aparências é tranquila, mas no internamente era ruim o clima, começou afetar os trabalhadores em campo (varrição, coleta, capina) e nós fomos os mais prejudicados. Hoje a chefe do administrativo não toma conta do seu serviço, incluindo as notas para compra de materiais. Já aconteceu de acabar o saco de lixo e sermos orientados a usar sacolinhas de supermercado.

Funcionário da Construtora Israel em entrevista ao Portal

Outro episódio envolve o encarregado geral, que segundo o funcionário tem se dedicado a negócios particulares e não prestado seu trabalho na Construtora Israel. “A gente ficou sem um líder pra chegar lá e pedir ele pra resolver e pedir”, aponta. Ele teria indicado o chefe da varrição, na qual é acusado de sobrecarregar a rotina dos funcionários. “Todo mundo trabalha com ele com medo, oprimido. A gente acaba uma rota ele quer por a gente em outra, e ninguém tá aguentando mais. O pessoal tem medo de chegar nele, falar, reclamar”, desabafa. Ele teria chegado ao comando da varrição pela amizade com o chefe geral e com afastamento de um funcionário por motivo de saúde.


Segundo a fonte, pelo medo da chefia direta, a equipe de varrição foi a que menos aderiu ao movimento grevista com receio de represálias. “Pessoal tem medo de ser mandado embora”, afirmando que são de maioria simples e que precisa do trabalho apara sustentar a casa.


Os caminhões estão precários, as vezes sem freio, com pneus carecas, tem caminhão sem vidro na janela. O caminhão da capina que leva o pessoal para trabalhar. Lá atrás cabem cinco e colocam sete, oito. Nossa união é para que isso seja visto e consertado para nossa segurança e da população.

Funcionário da Construtora Israel em entrevista ao Portal

“Nosso ticket gira entorno de R$368 porque é pago de acordo com os dias trabalhados e descontado 10%, o que foi uma novidade este mês no nosso contracheque”. Eles querem a recomposição do valor e o fim do desconto para recebimento do benefício. Os garis querem também igualdade na cesta de alimentos fornecidas. Eles apontam diferença com as dos motoristas [quantidade de mantimentos] além de não terem acesso ao plano odontológico.


Prefeitura se diz surpresa e se coloca à disposição para resolução do problema

A coleta é feita pela Israel, sob contratação do município através de contrato. A Prefeitura de Nova Lima informou que não foi notificada pela Sindicato da categoria sobre a paralisação e que está disposta a colaborar nas negociações para retomada dos trabalhos de limpeza urbana e que mantem em dia os pagamentos á empresa.

Confira a nota na íntegra

A Prefeitura de Nova Lima esclarece que, na manhã desta terça-feira (13), foi surpreendida com a interrupção dos trabalhos de limpeza urbana da cidade, por motivo de greve dos colaboradores da Construtora Israel, empresa terceirizada, que é responsável pela execução dos serviços. Até então, não havia qualquer indicativo de paralisação. Embora o sindicato ainda não tenha notificado o município, a Prefeitura trabalha para que as medidas legais sejam adotadas com celeridade.

A Gestão Municipal ressalta que os pagamentos estão sendo realizados regularmente em favor da empresa. Por fim, informa que mantém diálogo aberto com a Construtora Israel e se coloca à inteira disposição para que a situação seja resolvida e o atendimento da população, restabelecido o quanto antes.

Durante o dia nossa equipe tentou contato com a empresa por diversos momentos e não obteve resposta ou retorno, assim como agora a noite. Estamos a procura do contato dos citados para defesa.

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