Delegada que apura caso de Conselheiro Tutelar preso por estupro de vulnerável fala sobre o caso; confira a entrevista

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A Degelada Jéssica Novaes Moraes, titular da Delegacia Especializada em Atendimento a Mulher da região falou na tarde desta quarta-feira (6) com nossa equipe sobre o caso que envolve a prisão de um Conselheiro Tutelar preso e investigado pelo crime de estupro ao vulnerável.

A prisão aconteceu no Bairro Jardim Canadá, enquanto o Conselheiro de 50 anos participava de uma reunião na unidade da região. Na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher do município, Same foi ouvido e alegou “que estava investigando a vida da vítima, de 12 anos”.

Segundo Jéssica, o Conselheiro já fazia acompanhamento da família por conta de um caso envolvendo outro filho da família, de 15 anos e em contato telefônico com a mãe, tomou a filha (através de imagem de perfil) e começou, portanto, a visitar a garota, inclusive no ambiente escolar.

Fora do ambiente escolar, Same de Paula começou a trocar mensagens com a adolescente em um celular que era revezado entre a mãe e filha. “A partir daí a mãe abriu as conversas, se assustou com o conteúdo e procurou o Centro de Referência de Assistência Social (CREAS), solicitando a troca do Conselheiro Tutelar” no caso do filho. Ao tomar conhecimento do caso, as equipes do CREAS se deslocaram á delegacia com a família para que o caso fosse investigado.

Por ele ser um Conselheiro Tutelar que está a muitos anos no setor, a gente tem apreensão que já ter acontecido outras vezes. Por isso é importante a denúncia por parte de quem sofre este tipo de violência ou é responsável por alguém que tenha sofrido. Como ele era uma pessoa muito conhecida, de muita confiança, as pessoas se sentem mais oprimidas, crianças principalmente.

Delegada Jéssica Novaes

Confira a entrevista com a Delegada

– As mensagens eram de cunho sexual?

-Sim, no início era conteúdo sexual e passou também para um cunho amoroso, nós percebemos que foi se agravando o nível da conversa, com coisas mais pesadas, mais explícitas mesmo, de caráter sexual, até que culminou ontem (terça) em um nível muito alarmante e até mesmo repugnante, o que culminou na prisão em flagrante dele.

Desde quando as investigações estão em andamento?

-Foi tudo muito rápido já que a mãe esteve aqui na delegacia inicialmente na última segunda-feira, dia 4, onde foi registrado o Boletim de Ocorrência e abertura do inquérito, já sendo tomado o depoimento da mãe, que retornou na terça alegando que as mensagens haviam piorado muito, trazendo os prints das novas conversas, sendo analisadas, comprovado o flagrante e feita a prisão.

As conversas então foram a base para o pedido de prisão?

-Sim. As conversas, todo o conteúdo, já inclusive chegando ao ponto de se encontrar em particular com a adolescente, pois ele estava marcando encontro com ela, de ir na casa dela enquanto estivesse sozinha, falou que ‘precisava encontrar ela sozinha lá’, que ele estaria perto da sua residência e caso não tivesse ninguém lá ele entraria. A mãe inclusive teve apreensão em mandar a filha para a escola, de sair com a garota ou deixar ela em casa, pois já havia avanço para contato físico.
 
Houve algum ato sexual por parte dele além das mensagens?

-Não, na verdade foram as mensagens com conteúdo libidinoso, de aliciamento e por isso a prisão de estupro de vulnerável, por que era realmente para a satisfação da lascívia dele o conteúdo da mensagem dele. Como era um conteúdo muito pesado, mas pelo nível da conversa, foi por isso que fizemos a prisão pelo estupro de vulnerável. Não teve contato físico, mas poderia estar próximo, porque ele estava caminhando para isso mesmo.
 
Caso não houvesse então interferência da Polícia esse encontro poderia ter acontecido entre ontem e hoje (terça e quarta)?

Sem dúvidas, o mais rápido possível, porque ele tinha muito acesso, ele já acompanhava a família, ele já tinha ido na casa dela, ele já tinha dado presentes para ela antes de tudo vir a tona, ele era uma pessoa bem vista pela família, então ele tinha uma confiança, era muito fácil pra ele ter esse acesso, então a gente tem sim, quase certeza que aconteceria realmente algo mais grave.
 
Há alguma outra acusação contra ele?


-Tem também a questão da pedofilia, que pode surgir com análises mais aprofundadas e vamos analisar isso também, podendo ele ser indiciado por esse e outros crimes.

Quais os sinais visíveis de violência?

-Avaliar qualquer tipo de mudança no comportamento da criança, ter conversas abertas com as crianças, trazê-la para um lado mais amigável pra não permitir isolamento, que pode ser um sinal e acreditar no que está escutando, já que muitas vezes os pais não acreditam na criança. Infelizmente estamos num momento em que temos que observar todos, não é porque se tem um discurso de autoridade, que tem um cargo, que temos de confiar plenamente, deixar a criança à mercê daquela pessoa. Sempre ser vigilante. Hoje em dia, com acesso a internet, ter controle do que se está passando nas telas, não permitir acesso irrestrito, porque é um lugar que pode sim ser monitorado.

De acordo com a Delegada Jéssica, a equipe de investigação agora está empenhada em analisar os materiais apreendidos, dentre ele o celular do Conselheiro preso, além de oitivas dos envolvidos. Não há mais detalhes, pois o caso segue em segredo de justiça.
 

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