Jovem baleado na última terça contesta versão de atropelamento de GCM, que segue afastado das atividades

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Incidente aconteceu no bairro Vila São Luís. Jovem segue internado no HPS João XXIII. Bala atingiu rosto e ficou alojada no ombro.

Viatura da GCM. Ilustração/Arquivo Portal

Uma abordagem da Guarda Civil Municipal (GCM) na última terça-feira (15), que deixou uma pessoa baleada e um agente supostamente machucado, já que o jovem de 21 anos baleado garantiu com exclusividade ao Portal, que não houve atropelamento, como afirma a corporação desde o acontecido. Guarda está afastado por condições médicas e vai responder processo administrativo.

O contato foi feito via telefone, já que Silva [nome fictício] segue internado sem o movimento de um dos braços, já que a bala segue alojada no ombro direito.

Toda história ocorreu na tarde do feriado, na Rua Emanuel, durante o patrulhamento preventivo da Guarda Civil Municipal (GCM), que segundo os agentes, ao transitar pelo local se depararam com o condutor de uma motocicleta XRE 300, que ao avistar a viatura evadiu do local, e, em um segundo momento não respeitou a ordem de parada e foi baleado. A justificava para o disparo foi legítima defesa, já que o agente sentiu em perigo de ser atropelado.

A GCM conta que “ao tentar subir no passeio, colidiu com a viatura, sendo dado ordem de parada, momento em que o agente patrulheiro desembarcou da viatura e segurou a motocicleta dando ordem de parada novamente, o que foi desobedecido pelo condutor, que acelerou a moto para cima do agente, que para repelir a injusta agressão e preservação de sua vida, fez um único disparo de arma de fogo”.

Jovem contesta versão e diz que já estava parado e após ser baleado foi agredido

Silva conta que presta serviço em uma empresa terceirizada da Prefeitura de Nova Lima, e que no momento da ação havia acabado de sair de casa, próxima ao local do fato, e estava conversando com um amigo. Ele teria arredado a moto ao perceber que poderia atrapalhar a passagem da viatura e negou qualquer tentativa de atropelar o guarda.

Eu estava parado conversando com um amigo meu, aí eles subiram a rua da escola e eu tava com a moto parada no meio da rua, puxei a moto para frente pois achei que eles queriam passar. Assim que puxei a motocicleta pra frente eles me atropelaram, me pressionaram contra uma parede, quando um guarda saiu do banco do passageiro e pulou na moto querendo me segurar e efetuou o disparo a queima roupa que acertou meu rosto.

Ele descreveu a abordagem como “absurda e sem preparo” e que “o tiro foi disparado de muito perto”. Segundo Silva depois de ter sido baleado e já estar rendido, teve o pescoço apertado por um dos agentes.

O socorro foi feito pelos próprios agentes, em uma caminhonete S10 da corporação. O jovem afirma que foi colocado de qualquer jeito e sofreu ainda mais dores no trajeto, já que a aceleração do carro foi intensa e sem diminuição nos quebra-molas até o Hospital Nossa Senhora de Lourdes, onde recebeu os primeiros socorros.

Ele contou ao Portal que estava até esta quarta-feira, dia 16, no CTI do Hospital de Pronto Socorro João XXIII. Ele foi transferido para o quarto e não sente os movimentos do braço direito, já que a bala está alojada no ombro, e que não sabe se vai recuperá-los 100%. Exames ainda serão feitos para melhor diagnóstico da situação.

Guarda segue de atestado médico e passará por junta psicológica e processo administrativo disciplinar interno

O guarda foi socorrido para outra unidade de saúde e teve fratura no ombro, além de escoriações e passará por nova avaliação, além de responder por sindicância administrativa. Ele segue de licença médica médica e no retorno, deverá desempenhar suas atividades no ambiente interno da da corporação, até o final do processo de sindicância. Ele passará também por uma junta psicológica, praxe nos casos que há uso de arma de fogo.

Moto já foi apreendida; piloto diz não praticar mais manobras arriscadas

A GCM afirmou que “o condutor já teve sua motocicleta removida ao pátio por várias vezes, por diversas infrações de trânsito” e “que chama a atenção publicação em rede social de demonstração de imperícia, onde o mesmo faz exibições praticando malabarismo”.

Silva se defendeu e disse que já praticou manobras arriscadas, popularmente chamada de “244” ou “grau”, mas que não faz mais após ter sofrido um acidente.

Polícia Civil abre inquérito para apurar circunstâncias

A PCMG informou nesta quinta-feira (17), que foi aberto inquérito para investigar o episódio. Os próximos passos são a junção de provas, outivas das testemunhas arroladas e também dos envolvidos. A arma usada pelo GCM foi apreendida para perícia técnica, além de balas intactas e uma deflagrada.

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